
Sinto muito, mas eu não posso falar de outra coisa, sim, nada para contar.
Não posso falar sobre o tempo em Barcelona, há dias não sei o que é a luz do sol.
Bom, e talvez sobre política? Não, lamento novamente. Até gosto do tema, mas não sei o que acontece fora das paredes do meu quarto.
Eu só posso falar de mim. Desse poço infinito de tristeza, dessa dor absurda que pulsa no meu peito, dos meus olhos já queimados dessas lágrimas com gosto de mar.
Eu só posso falar do medo que sinto, quando vejo minha imagen distorcida nesse espelho em ruínas.
Eu só posso te dizer que agora eu sofro, que me agarro numa esperança que me arranha os braços e me faz sangrar.
Os meus sete anos de azar já se acabaram, nem me lembro quando.
Vai ver que o tempo-rei não sabe contar…